Pular para o conteúdo principal

Vergueiro volta aos temas autorais no CD 'Vida sonhada'


Após homenagear os ilustres parceiros Adoniran Barbosa (1910 – 1982) e Nelson Cavaquinho (1911 – 1986), Carlinhos Vergueiro coloca seus graves a serviço de temas autorais em ‘Vida sonhada’, álbum lançado pela gravadora Biscoito Fino. Produzido Aluízio Falcão, o CD apresenta bons sambas valorizados pelo piano de Amador Longhini Júnior, como ‘A seu dispor’ (Carlinhos Vergueiro) e ‘Samba da vida’ (Carlinhos Vergueiro/ J. Petrolino).  O ritmo carioca também dá o tom no eficiente ‘Sem refrão’ (Carlinhos Vergueiro/ Dora Vergueiro) e no mediano ‘Passa amanhã’ (Carlinhos Vergueiro/ Afonso Machado/ Dora Vergueiro). ‘Chorar sem fim’ (Carlinhos Vergueiro/ J. Petrolino) é interessante seresta com ares de fado, enquanto ‘Minha cabeça’ (Carlinhos Vergueiro), ‘Mina’ (Carlinhos Vergueiro/ J. Petrolino) e ‘Sempre’ (Carlinhos Vergueiro) trazem ecos da obra de Chico Buarque. A influência do parceiro de música e futebol também é perceptível em ‘Vida sonhada’ (Carlinhos Vergueiro/ J. Petrolino), bonita faixa-título que se sobressai na safra de inéditas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A voz do samba - O primeiro disco de Alcione

  “Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ‘1...

Galeria do Amor 50 anos – Timóteo fora do armário (ou quase)

  Agnaldo Timóteo lançou o disco ‘Galeria do amor’ em 1975. Em pleno regime militar, o ídolo popular, conhecido por sua voz grandiloquente e seu temperamento explosivo, ousou ao compor e cantar a balada sobre “um lugar de emoções diferentes/ Onde a gente que é gente/ Se entende/ Onde pode se amar livremente”. A canção, que se tornaria um sucesso nacional, foi inspirada na famosa Galeria Alaska, antigo ponto de encontro dos homossexuais na Zona Sul carioca – o que passaria despercebido por boa parte de seu público conservador. O mineiro de Caratinga já havia suscitado a temática gay no disco ‘Obrigado, querida’, de 1967. A romântica ‘Meu grito’, feita por Roberto Carlos para a sua futura mulher, Nice, ganhou outras conotações na voz poderosa de Timóteo. “Ai que vontade de gritar seu nome, bem alto no infinito (...), só falo bem baixinho e não conto pra ninguém/ pra ninguém saber seu nome, eu grito só ‘meu bem'”, canta Agnaldo, que nunca assumiria sua suposta homossexualidade. ...

Nana Caymmi ganhou precioso documentário em 2010

Nana Caymmi (1941 – 2025) é a personagem principal de ‘Rio Sonata’ (2010), documentário dirigido pelo franco-suíço Georges Gachot. “Só mesmo um francês para entender o que faço, para fazer um filme. Público eu tenho em qualquer lugar, mas ele colocou a artista, a intérprete — coisa que o Brasil não conseguiu fazer nas telas porque eu não rendo dinheiro. Chama-se cultura, arte”, disse Nana à época do lançamento. Longe dos clichês cinematográficos, Georges surpreende ao mostrar a cidade natal de Dinahir Tostes Caymmi nublada e ainda mais portentosa como moldura para as canções entoadas por Nana. O mar cantado pelo patriarca dos Caymmi está lá, agitado, dividindo preciosas cenas com a Mata Atlântica que sempre corre o risco de ser encoberta por nuvens. Gachot dá ares impressionistas ao seu filme, sugerindo um sobrevoo pela cidade e pela carreira da cantora. Nada disso desvia a atenção da estrela que fala sobre sua vida, família e carreira nos 84 minutos de duração de ‘Rio Sonata’. O amor ...