Pular para o conteúdo principal

Música, música...



Os mais diferentes estilos da música popular brasileira conviveram intensamente em 2012. Se a televisão buscou a trilha musical popularesca para suas novelas e programas de auditório, o cinema deu ao público pelo menos uma joia: o belíssimo documentário ‘A música segundo Tom Jobim’Chico Buarque e Gal Costa iniciaram as vitoriosas turnês de lançamento dos álbuns ‘Chico’ e ‘Recanto’. Caetano Veloso continuou apontando “diversas harmonias possíveis sem juízo final” em ‘Abraçaço’, e uma nova força baiana, Mariene de Castro, chegou ao Rio de Janeiro arrebatando o público em apresentações vulcânicas.
O fim do CD, anunciado e garantido por muita gente, foi adiado mais uma vez. Graças aos quase 2 milhões de súditos de Roberto Carlos que, motivados pelo sucesso ‘Esse cara sou eu’, mostraram que o compact disc pode ter vida (mais) longa. A gravadora Joia Moderna pôs na praça novos trabalhos de Célia e Amelinha, além de um belo tributo à obra de Guilherme Arantes, entre outras bem-vindas ousadias em tempos de propagada (e eterna) crise da indústria fonográfica.  A dama Áurea Martins gravou, merecidamente, seu primeiro DVD e Arlindo Cruz marcou presença na mítica Praça Onze em seu novo registro audiovisual. Mart’nália deu um nó na cabeça de muita gente com seu disco/ aviso ‘Não tente compreender’ produzido por Djavan, que voltou à ativa no sofisticado ‘Rua dos amores’. A ‘reza’ de Rita Lee pegou, e a MPB ganhou benfazejas lufadas de ar fresco, sopradas por Tulipa Ruiz. Contrariando as previsões maias o mundo continua girando, mas muita gente vai se acabar em uma nova data cabalística, o dia 26 de janeiro de 2013, quando o histórico show ‘Recanto’, de Gal Costa, chegar ao Circo Voador, num momento de puro amor.
Feliz 2013!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A voz do samba - O primeiro disco de Alcione

  “Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ‘1...

Galeria do Amor 50 anos – Timóteo fora do armário (ou quase)

  Agnaldo Timóteo lançou o disco ‘Galeria do amor’ em 1975. Em pleno regime militar, o ídolo popular, conhecido por sua voz grandiloquente e seu temperamento explosivo, ousou ao compor e cantar a balada sobre “um lugar de emoções diferentes/ Onde a gente que é gente/ Se entende/ Onde pode se amar livremente”. A canção, que se tornaria um sucesso nacional, foi inspirada na famosa Galeria Alaska, antigo ponto de encontro dos homossexuais na Zona Sul carioca – o que passaria despercebido por boa parte de seu público conservador. O mineiro de Caratinga já havia suscitado a temática gay no disco ‘Obrigado, querida’, de 1967. A romântica ‘Meu grito’, feita por Roberto Carlos para a sua futura mulher, Nice, ganhou outras conotações na voz poderosa de Timóteo. “Ai que vontade de gritar seu nome, bem alto no infinito (...), só falo bem baixinho e não conto pra ninguém/ pra ninguém saber seu nome, eu grito só ‘meu bem'”, canta Agnaldo, que nunca assumiria sua suposta homossexualidade. ...

50 anos de Claridade

Clara Nunes (1942 – 1983) viu sua carreira deslanchar na década de 1970, quando trocou os boleros e um romantismo acentuado pela cadência bonita do samba, uma mudança idealizada pelo radialista e produtor musical Adelzon Alves. Depois do sucesso do LP ‘Alvorecer’, de 1974, impulsionado pelas faixas ‘Menino deus’ (Mauro Duarte/ Paulo César Pinheiro), ‘Alvorecer’ (Délcio Carvalho/ Ivone Lara) e ‘Conto de areia’ (Romildo/ Toninho Nascimento), a cantora mineira reafirmou sua consagração popular com o álbum ‘Claridade’. Lançado em 1975, este disco vendeu 600 mil cópias, um feito excepcional para um disco de samba, para uma cantora e, sobretudo, para um disco de samba de uma cantora. Traço marcante na trajetória artística e na vida de Clara Nunes, o sincretismo religioso está presente nas faixas ‘O mar serenou’ (Candeia) e ‘A deusa dos orixás’, do pernambucano Romildo e do paraense Toninho Nascimento, os mesmos autores de ‘Conto de areia’. Eles frequentavam o célebre programa no qual Adelzon...