Nos longínquos
anos 1950, as músicas de Jackson Pandeiro (1919 – 1982) estavam entre as mais
tocadas nas rádios brasileiras. Com sua impecável e buliçosa divisão rítmica, o
artista da Paraíba encantou o país com o coco paraibano – que misturou ao samba
carioca –, o xote, o baião e o forró, entre outros irresistíveis ritmos
nordestinos. Muito desse sucesso se deve à parceria de Jackson com o compositor
pernambucano Rosil Cavalcanti (1915 – 1968), cujo centenário comemorado este
ano inspirou outro paraibano, o cantor e compositor Chico Salles, a idealizar
‘Rosil do Brasil’, oportuno álbum lançado pelo selo ZecaPagodiscos, com
produção de José Milton. Acompanhado por João Lyra (violão e viola), Bezé 7
cordas (violão 7 cordas e cavaco), Adelson Vianna (sanfona), Genaro (sanfona), Quartinha
(zabumba), Jeremum de Olinda (triângulo, pandeiro, repique, agogô e reco-reco
mineiro), Nilsinho Amarante (trombone), César Michiles (flauta) e Adilson
Bandeira (clarinete), Chico visita com desenvoltura músicas como ‘Lei da
compensação’ (Rosil Cavalcanti), ‘Os cabelos de Maria’ (Rosil Cavalcanti/
Jackson do Pandeiro), ‘Cabo Tenório’ (Rosil Cavalcanti), ‘A festa do milho’
(Rosil Cavalcanti), ‘Quadro negro’ (Rosil Cavalcanti/ Jackson do Pandeiro),
‘Tropeiros de Borborema’ (Rosil Cavalcanti) e ‘Na base da chinela’ (Rosil
Cavalcanti/ Jackson do Pandeiro). Silvério Pessoa participa da faixa ‘Forró de
Zé Lagoa’ (Rosil Cavalcanti), Chico César aparece em ‘Sebastiana’ (Rosil
Cavalcanti), Maciel Melo divide os vocais no pot-pourri ‘O véio macho’ (Rosil Cavalcanti) e ‘Moxotó’ (Rosil
Cavalcanti/ Jackson do Pandeiro), Bilu de Campina está em ‘Coco do Norte’
(Rosil Cavalcanti) e Josildo Sá, em ‘Forró na Gafieira’ (Rosil Cavalcanti). Bem
produzido e bem executado, ‘Rosil do Brasil’ é justa homenagem a Rosil
Cavalcanti, um dos expoentes de um sertão que se encontra a léguas de distância
da atual música “sertaneja” feita em escala industrial.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
Comentários