Vinculado
ao renascimento cultural do bairro da Lapa, no Rio de Janeiro (RJ), no início
dos anos 2000, o Grupo Semente finalmente lança seu primeiro disco solo. Já nas
lojas, via gravadora Biscoito Fino, o CD ‘Grupo Semente’ foi produzido por
Eduardo Neves e pelo próprio quinteto formado por Bernardo Dantas (violão),
Bruno Barreto (voz/ percussão), João Callado (cavaquinho), Marcos Esguleba
(voz/ percussão) e Mestre Trambique (voz/ percussão).
O repertório é tão
envolvente quanto as disputadas apresentações do grupo no Bar Semente, onde a
carreira artística germinou. A antiga parceria com Teresa Cristina, cantora que
gravou seus melhores álbuns na companhia do grupo, é revivida na gaiata – e
ótima – ‘Alô João’ (Baden Powell/ Cyro Monteiro, 1965). Primeiro cantor do
Semente, Pedro Miranda divide os vocais no medley ‘Tumba lê lê’ (Francisco
Netto/ Nilton Neves/ Jarbas Reis, 1956) / ‘O facão bateu’ (Domínio público),
outro bom momento. Já Diogo Nogueira surge em ‘Disritmia’ (Martinho da Vila,
1974), faixa mais óbvia do álbum. Os sambas ‘Mestre Marçal’ (Mestre Trambique/
Wilson das Neves/ Paulo César Pinheiro, 1996), ‘Por todos os santos’ (Nelson
Rufino/ Carlinhos Santana, 1995) e ‘Mulata beleza’ (Zé Roberto, 1986) descem
redondos como cerveja gelada. O grupo se desvia momentaneamente da rota do
samba na boa versão de ‘Baião da Penha’ (Guio de Morais/ David Nasser, 1951)
para, em seguida, retornar ao batuque carioca em ‘No balanço do mar’ (Bruno
Barreto/ Thiago Cunha) e ‘É garoa’(Mestre Trambique/ Ney Silva/ Paulinho da
Aba) / ‘Quem tem põe’ (Samba do Perna)’ (Mestre Trambique/ Nei Lopes). Com sua sonoridade
fluída e contagiante, ‘Nós e o luar’ (João Callado) se destaca. As instrumentais
‘Na maciota’ (João Callado/ Mauro Aguiar) e ‘Ideia’ (Bernardo Dantas) reiteram
que o samba feito pelo Grupo Semente é da melhor qualidade.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
Comentários