Luiz Gonzaga Jr. (1945 – 1991) faria 70 anos no dia 22 de setembro de 2015. Para
lembrar a data a Universal Music lança ‘Gonzaguinha presente – Duetos’, disco
em que a voz do cantor e compositor carioca foi retirada das gravações
originais e colocada em novos registros, com novos arranjos e com as
participações especiais de artistas vinculados a vários de gêneros musicais. O
projeto dirigido por Miguel Plopschi passa ao largo das canções de protesto,
como ‘Comportamento geral’ e ‘Um sorriso nos lábios’, que caracterizaram o
começo da carreira de Gonzaguinha. O
repertório segue a trilha dos sucessos românticos e dos sambas mais ensolarados.
‘Não dá mais pra segurar (Explode coração)’ ressurge na voz surpreendentemente
contida de Ana Carolina. Quem também deixa de lado os exageros interpretativos –
e a gaiatice – é Ivete Sangalo, que se sai bem em ‘Sangrando’, música-tentação
para cantoras chegadas ao exibicionismo vocal e ao drama. Única faixa que
mantém o arranjo original, ‘Grito de alerta’ ganha versão apagada de Maria
Rita. Também soam meramente protocolares as gravações de Zeca Baleiro, em ‘Um
homem também chora (Guerreiro menino)’, Lenine, em ‘Começaria tudo outra vez’ e
Gilberto Gil, em ‘Lindo lago do amor’, enquanto Fagner imprime algum sentimento
em sua versão de ‘Feliz’. Sucesso do próprio Gonzaguinha, ‘Ponto de
interrogação’ é divida com Alcione, que não precisa se esforçar para fazer o
correto. Samba que deu nome ao disco lançado pela Marrom em 1980, ‘E vamos à
luta’ reaparece na voz de Zeca Pagodinho, embalada por arranjo que prioriza os
metais. Outro bamba, Martinho da Vila está à vontade em ‘Com a perna no mundo’,
assim como Alexandre Pires, em ‘O que é o que é’. Luiza Possi está bem em ‘Recado’, mostrando
que poderia ser uma cantora mais interessante se escolhesse melhor repertório.
Seguindo os ditames mercadológicos, a dupla “sertaneja” Vitctor & Leo foi
escalada para cantar ‘Espere por mim morena’. ‘A vida do viajante’ (Luiz
Gonzaga/ Hervê Cordovil) reúne Gonzação (1912 – 1989), Gonzaguinha e Daniel
Gonzaga em registro afetivo. ‘Gonzaguinha presente – duetos’ peca pela
ausência de emoção e faz pensar que o disco renderia muito mais somente com os
convidados, mais aí seria outro projeto... Responsável por capas de disco históricas, o artista gráfico Elifas Andreato não foi feliz dessa vez na ilustração. Compositor verdadeiramente popular, de um
tempo distante das ditaduras musicais surgidas a partir dos anos 1990,
Gonzaguinha merecia uma homenagem à altura da sua importância para a MPB.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
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