Jussara
Silveira reuniu dez composições assinadas por Beto Guedes e Ronaldo Bastos em ‘Pedras
que rolam, objetos luminosos’, disco lançado pelo selo Dubas Música, via
gravadora Universal Music. Produzido por Marcelo Costa (bateria e percussão) e
Sacha Amback (piano, teclados e programação), ‘Pedras que rolam, objetos
luminosos’ reafirma a perenidade e a contemporaneidade dos temas escritos sob a
ótica agregadora, existencialista e libertária do lendário Clube da Esquina, do
qual Guedes e Bastos foram sócio-fundadores. Uma de nossas cantoras mais
interessantes, cuja voz toca o timbre de um jovem Beto Guedes em alguns
momentos, Jussara espana qualquer possível poeira acumulada na longa estrada do
tempo que separa as canções lançadas pelo artista mineiro nos discos ‘A página do
relâmpago elétrico’ (1977), ‘Amor de índio’ (1978), ‘Sol de primavera’ (1979), ‘Contos da lua
vaga’ (1981) e ‘Viagem das mãos’ (1984). Os belos arranjos de Sacha
Amback atualizam as melodias sem descaracteriza-las, afinal trata-se de canções
que se tornaram clássicos da MPB, como ‘Amor de índio’ (Beto Guedes/ Ronaldo
Bastos, 1978), ‘Lumiar’ (Beto Guedes/ Ronaldo Bastos, 1977), ‘Sol de primavera’
(Beto Guedes/ Ronaldo Bastos, 1979) e ‘O sal da Terra’ (Beto Guedes/ Ronaldo
Bastos, 1981). Além de Marcelo e Sacha, Jussara também conta com a companhia
igualmente luxuosa de Zeca Assumpção (contrabaixo), Alberto Continentino
(contrabaixo), Jacques Morelenbaum (cello em ‘Amor de índio’), Maurício Negão
(guitarras), Tuco Marcondes (violão) e Iura Ranevsky (cello e arregimentação de
cordas), entre outros. Com este time de primeira, a cantora recria, ainda, ‘A
página do relâmpago elétrico’ (Beto Guedes/ Ronaldo Bastos, 1977), visionária
canção que deu nome ao álbum de estreia de Beto Guedes. Joias menos obvias como
‘Pedras rolando’ (Beto Guedes/ Ronaldo Bastos, 1979), ‘Rio doce’ (Beto Guedes/
Tavinho Moura/ Ronaldo Bastos, 1979) e ‘O amor não precisa razão’ (Beto Guedes/
Ricardo Milo/ Ronaldo Bastos) contribuem para a riqueza deste belo disco, cujos
pontos altos são as preciosas versões de ‘Tanto’ (Beto Guedes/ Ronaldo Bastos,
1977) e, principalmente, de ‘Choveu’ (Beto Guedes/ Ronaldo Bastos, 1977), canção
em que transborda a emoção caudalosa de Jussara Silveira, voz de muitas águas. Não tem nada mais bonito.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
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