Lançado
no primeiro semestre deste ano, o livro ‘Como a música ficou grátis – O fim de
uma indústria, a virada do século e o paciente zero da pirataria’ (Editora Intrínseca),
do jornalista norte-americano Stephen Witt, compila histórias e personagens fundamentais
na revolução causada pela internet na indústria fonográfica e nos modos de
consumo de música no mundo. Em relato contundente, Witt faz conexões entre
engenheiros de áudio alemães, responsáveis pela criação do MP3, funcionários de
gravadoras de diferentes setores – de alto-executivos a operários, igualmente
inconsequentes em suas ambições. Uma das histórias mais impressionantes é de
Dell Glover, o tal “paciente zero da pirataria” do subtítulo, empregado da
fábrica da gravadora PolyGram (atual Universal Music), em Kings Mountain, na
Carolina do Norte. Empacotador de CDs, Glover teve em suas mãos os principais
lançamentos musicais daquela empresa e foi o responsável pelo vazamento de dois
mil títulos na internet, ao longo de uma década. Mas ele não estava sozinho, nerds com tempo ocioso, jornalistas,
radialistas, DJs e outros profissionais ligados à música contribuíram para a
avalanche de arquivos MP3 que inundou a rede e os computadores em todo o mundo.
Preocupada com os gravadores de CDs pessoais, a indústria fonográfica ignorou o
MP3 e continuou vendendo caro o CD, não mudando sua margem de lucro nem mesmo
durante a drástica queda nas vendas. Contando de forma envolvente alguns
acontecimentos importantes, como o surgimento da famosa rede de
compartilhamento de arquivos MP3, Napster, e do iPod – além das consequentes
reviravoltas na indústria e no meio musical – Stephen não impõe julgamentos em
seu texto, que fica ainda mais interessante quando toma ares de thriller de ação, após a narrativa da
criação do MP3 propriamente dita. Em tempos de comercialização por streaming,
‘Como a música ficou grátis’ é leitura obrigatória tanto para aqueles que vivenciaram
o início dessa contínua transformação, quanto para quem nunca comprou um Compact Disc.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
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