“Isso aqui é a costura mais redondinha que eu
já fiz”, reconhece Mônica Salmaso nos extras do DVD ‘Alma lírica brasileira’
(Biscoito Fino), que chegou às lojas no fim do ano passado. Acompanhada por Teco Cardoso (sopros) e
Nelson Ayres (piano), a cantora paulistana transportou para o palco do Teatro
Alfa, em São Paulo, a ambiência camerística do álbum lançado em abril de 2011.
Sem a presença do público, o belo bordado musical foi captado pelo cineasta e
diretor de fotografia Walter Carvalho, que optou pela sobriedade e elegância
das imagens em preto e branco para registrar a apresentação. Entre um número e
outro, pequenos detalhes ganham cor, evidenciando o olhar sútil do diretor, cúmplice
com a afinidade do trio. Além do repertório do CD homônimo, o roteiro traz mais
quatro números: ‘Ciranda da bailarina’ (Edu Lobo/ Chico Buarque), ‘Minha
palhoça’ (J. Cascata), ‘Valsinha’ (Chico Buarque/ Vinicius de Moraes) e
‘Véspera de Natal’ (Adoniran Barbosa). Canções que ajudam a compor o Brasil
atemporal de Mônica, cujo canto passa ao largo das afetações que grassam entre
as cantoras mais bacanas da última semana. Na contramão da cartilha
mercadológica que despeja no mercado dezenas de DVDs “ao vivo” – quase todos sem
alma –, Mônica Salmaso mantém seu canto livre, costurando instantes de beleza
incomum.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
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