‘Dorival Caymmi – Centenário’ é o álbum lançado pela gravadora Biscoito Fino para comemorar os cem anos de nascimento de Dorival Caymmi (1914 – 2008). Com belíssimos arranjos assinados por Dori Caymmi e Mario Adnet, o disco reúne os irmãos Dori, Nana e Danilo com Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil, além de Adnet, intérprete de ‘A vizinha do lado’ (Dorival Caymmi, 1946). A escalação do elenco estelar tem razões afetivas, Dori quis reunir os dois baianos mais famosos de sua geração, além de Chico Buarque, um dos artistas preferidos de Dorival. Distante das noites de temporal, o mar das canções caymminianas é navegado por sofisticada sonoridade sinfônica. A calmaria dá o tom do CD, elevado somente por uma espetacular Nana Caymmi em ‘Sargaço mar’ (Dorival Caymmi, 1985) e ‘A lenda do Abaeté’ (Dorival Caymmi, 1948). Com sua voz grave, herdada do pai, Dori também se destaca em ‘João Valentão’ (Dorival Caymmi, 1953) e ‘O bem do mar’ (Dorival Caymmi, 1952). A Danilo coube a difícil tarefa de reviver as clássicas ‘Vatapá’ (Dorival Caymmi, 1942) e ‘Nem eu’ (Dorival Caymmi, 1952). Juntos, os irmãos encerram o disco com ‘Canção da partida’ (Dorival Caymmi, 1957), longe da vivacidade de registros feitos para álbuns como ‘Para Caymmi’ (Warner Music, 2004) e ‘Caymmi’ (Som Livre, 2013). Dos três convidados, que dividem a faixa de abertura, ‘O que é que a baiana tem?’ (Dorival Caymmi, 1939), Caetano é o que se sai melhor, nos solos de ‘Saudade da Bahia’ (Dorival Caymmi, 1957) e ‘Sábado em Copacabana’ (Dorival Caymmi/ Carlos Guinle, 1951). Enquanto Chico soa trivial em ‘Dora’ (Dorival Caymmi, 1945) e ‘Marina’ (Dorival Caymmi, 1947), impressiona a falta de brilho na voz de Gilberto Gil em ‘Rosa Morena’ (Dorival Caymmi, 1942) e ‘Samba da minha terra’ (Dorival Caymmi, 1940). O cantor que pôs o samba-canção ‘Marina’ em rotação pop, no LP ‘Realce’ (WEA, 1979), soa cansado. A despeito da qualidade inquestionável da obra do homenageado, ‘Dorival Caymmi – Centenário’ teria um resultado final mais empolgante se todo o elenco fosse composto por cantores do mesmo (alto) padrão dos brilhantes arranjos.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
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