A coletânea ‘Estação Lapa’, lançada pelo selo Da Lapa, uma divisão da
gravadora Biscoito Fino, alinha gravações de artistas quase sempre ligados à
dinâmica cultural responsável pelo ressurgimento da Lapa. Nomes como Casuarina
(‘Vaso ruim’, Diego Zangado/ Gabriel Moura), Nilze Carvalho (‘Banho de
manjericão’, João Nogueira/ Paulo César Pinheiro), Ana Costa (‘As coisas que
mamãe me ensinou’, Leci Brandão/ Zé Maurício) e Empolga às 9 (‘Tinindo
trincando’, Moraes Moreira/ Galvão) estão neste bonde musical. Contudo, os
consagrados Wilson das Neves (‘Brasão de Orfeu’, Paulo César Pinheiro/ Wilson
das Neves), Luiz Melodia (‘Tive sim’, Cartola), Elza Soares (‘Pra que discutir
com madame’, Janet de Almeida/ Haroldo Barbosa) e Moacyr Luz & Martinho da
Vila (‘Samba dos passarinhos’, Moacyr Luz/ Sereno) também embarcaram na viagem.
Até mesmo a mineira Jussara Silveira (‘Dama do cassino’, Caetano Veloso),
cantora sem ligações com a música feita na Lapa, surge como passageira. Orquestra
Imperial (‘Sem compromisso’, Geraldo Pereira/ Nelson Trigueiro), Moyseis
Marques & Leila Pinheiro (‘Bicho do mato’, Edu Krieger/ Moyseis Marques), Farofa
Carioca & Seu Jorge (‘São Gonça’, Seu Jorge), Mart’nália (‘Entretanto’, Mart’nália/
Mombaça), Maíra Freitas (‘Recado’, Gonzaguinha), e Marcos Sacramento (‘A volta
do malandro’, Chico Buarque/ ‘Largo da Lapa, Wilson Batista/ Marino Pinto)
completam a simpática compilação. Embora tenha registros na Biscoito Fino,
Teresa Cristina, nome comumente ligado o samba feito na Lapa, ficou de fora. O
bom equilíbrio entre artistas de diferentes gerações, músicas recentes e
antigos sucessos da coletânea mantém o interesse do ouvinte. Até mesmo daqueles
que pouco ou nunca se embalaram na noite do boêmio bairro carioca.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
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