“Todos
nós que não nascemos aqui adoraríamos ser cariocas”, afirmou Fafá de Belém na
noite de 16 de setembro de 2014, no palco do Theatro Net Rio, em Copacabana,
durante a segunda apresentação de seu novo show, ‘Meu Rio de tantos janeiros’. Acompanhada
por Cristóvão Bastos (piano), Renato Loyola (contrabaixo) e Ricardo Costa
(bateria), a cantora paraense refez o percurso nostálgico-afetivo, entre a
Belém natal e o Rio de Janeiro, fugindo do seu repertório habitual. Ainda que
sucessos como ‘Foi assim’ (Ruy Barata/ Paulo André), ‘Coração do agreste’
(Aldir Blanc/ Moacyr Luz), ‘Dentro de mim mora um anjo’ (Cacaso/ Sueli Costa) e
‘Sob medida’ (Chico Buarque) sejam relembrados, o show tem como base pérolas
musicais encrustadas na história cultural da Cidade Maravilhosa. Sem se
importar com a cronologia das canções, Fafá trafega com desenvoltura por
roteiro que alinha fossa, samba-canção, bolero e bossa nova, entre outros
gêneros. No pot-pourri com os sucessos ‘Ouça’ (Maysa), ‘Meu mundo caiu’ (Maysa)
e ‘Franqueza’ (Denis Brean/ Oswaldo Guilherme) Fafá relembra Maysa (1936 –
1977) para, em seguida, dar voz ao famoso balanço da zona sul carioca. ‘Corcovado’
(Tom Jobim), ‘Fotografia’ (Tom Jobim), ‘Você e eu’ (Carlos Lyra/ Vinicius de
Moraes) e ‘Chega de saudade’ (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes) não parecem apropriadas
para intérprete tão passional, herdeira direta de Ângela Maria. Fafá brilha
mais em números intensos como ‘Minha’ (Ruy Guerra/ Francis Hime), ‘Resposta ao
tempo’ (Cristóvão Bastos/ Aldir Blanc) e ‘Canto triste’ (Edu Lobo/ Vinicius de
Moraes). A versão voz e piano da delicada ‘Todo sentimento’ (Cristóvão Bastos/
Chico Buarque) também merece destaque. Em sua parte final o espetáculo
enfileira sucessos antigos como ‘Preconceito’ (Fernando Lobo/ Antônio Maria),
‘Ninguém me ama’ (Fernando Lobo/ Antônio Maria) e ‘Devolvi’ (Adelino Moreira),
que remetem o público a uma cidade que ficou para trás, com bares e boates que
não existem mais. Após prestar tributo a diversas cantoras, intérpretes
originais de alguns dos sucessos apresentados, a eterna musa das Diretas-Já,
retoma o curso inicial do espetáculo cantando ‘Valsa de uma cidade’ (Ismael
Neto/ Antônio Maria). No bis, Fafá relembra ‘Vapor barato’, icônica canção do
show ‘Fatal’ (1973), que Gal Costa realizou no então Teatro Teresa Raquel, hoje
Net Rio. ‘Meu Rio de muitos janeiros’ é uma bela e saudosista viagem por um boêmio
Rio de Janeiro, eternizado na memória de Fafá de Belém, estrela sempre radiante.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
Comentários
Adoro Fafá!
Curioso para ouvir Vapor Barato em seu Canto.