Diogo
Nogueira e Hamilton de Holanda apresentaram show baseado no recém-lançado álbum
‘Bossa negra’ (Universal Music) na noite de 25 de agosto de 2014, no Theatro
Net Rio, em Copacabana (RJ). Na plateia, artistas como Arlindo Cruz, Beth
Carvalho, Caetano Veloso, Jards Macalé e Marcelo D2 comprovavam a tal
“miscigenação” citada por Hamilton para definir a bossa feita em parceria com o
sambista portelense. A dupla mostrou-se afinada ao apresentar um roteiro que privilegia
o repertório do disco e estende a ideia original incluindo Dorival Caymmi
(‘Vatapá’) e Geraldo Pereira (‘Sem compromisso’) à seleta lista de autores que
constam no projeto. “Bossa negra é Baden Powell, Vinicius de Moraes, Caetano
Veloso, Arlindo Cruz, Ary Barroso, João Nogueira, Paulo César Pinheiro, Pixinguinha”,
definiu Diogo. Desenvolto, o cantor relembrou ‘Batendo a porta’, de João e PC
Pinheiro, senha para a apresentação de ‘Salamandra’, preciosa composição da
extinta dupla, que permanecia inédita. Acompanhados por Thiago da Serrinha
(percussão) e André Vasconcelos (contrabaixo acústico), Diogo e Hamilton
realçaram virtudes e defeitos da lavra autoral. A boa faixa título, não por
acaso bisada no fim do show, ganhou intensidade rítmica, enquanto os
versos-clichês de ‘Brasil de hoje’ ficaram ainda mais evidentes no número que
contou com a participação dos filhos dos artistas nos vocais. ‘Canto de
Ossanha’ (Baden Powell/ Vinicius de Moraes), um dos mais famosos afro-sambas,
evidente fonte de inspiração de ‘Bossa negra’, surge já no bis, em outra
excelente dobradinha entre o canto seguro de Diogo e o bandolim virtuoso de
Hamilton – que, por sinal, borda cada número com característico lirismo. Também
merece destaque o belo cenário, assinado por Marina Ribas e Fred Gelli, que simula um agrupamento de instrumentos de
percussão ligados ao samba, como surdos e repiques, onde são
projetadas imagens de paisagens cariocas e os músicos chegam a improvisar um batuque durante 'Vatapá'. O show realça as cores perpetuadas no
disco com muito samba, prontidão e outras bossas. Tudo coisa nossa.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
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