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Portela injustiçada


Com o desfile das campeãs, no próximo sábado, o Carnaval carioca verdadeiramente chega ao fim. O campeonato da Beija-Flor é incontestável, a escola de Nilópolis parece ter encontrado a fórmula perfeita, o equilíbrio entre o luxo e o chão - apesar de recorrer com certa frequência aos enredos de temáticas raciais. A Grande Rio surpreendeu com a segunda colocação, afinal, a escola parece mais um enorme camarote vip, lotado de estrelas globais - a maioria sem nenhum tradição no samba. Com Preta Gil e sem Beth Carvalho e Nelson Sargento, a Mangueira amargou um terceiro lugar - ela que era uma das mais fortes candidatas ao título deste ano. Bom ver que a Unidos da Tijuca não se perdeu ao perder seu carnavalesco. Paulo Barros, na Viradouro, acabou ficando um décimo atrás da escola do Boréu. A Vila mostrou que sua própria metamorfose é fato: daquela tradicional agremiação que vivia na gangorra entre o grupo de acesso e o desfile principal, a azul-e-branco se transformou numa nova potência do Carnaval carioca.
A Portela, que fez um desfile alegre, cheio de garra e vontade, acabou num injusto oitavo lugar. A escola de Oswaldo Cruz precisa encontrar um caminho, precisa voltar a ser a "Majestade do Samba". A vizinha, Império Serrano, infelizmente caiu para o grupo de acesso. No próximo Carnaval, apenas doze escolas desfilarão no grupo especial - será que este é realmente o número ideal ? Ou será que os interesses da emissora que transmite o desfile são mais importantes ?

Comentários

Anônimo disse…
um beijo da vila isabel, princesa...
realmente, o solo sagrado de madureira não merecia esta desconsideração!
ninguém merece Grande Rio!

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