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Negro amor cheio de classe


Negro Amor, de Toni Platão, é daqueles discos que você demora algumas semanas para tirar do CD player. Com boa parte do roteiro do aclamado show que lota as casas noturnas por onde passa, Negro Amor, lançamento Som Livre, é um apanhado das dores de amores, vistas sob diferentes ópticas, que nunca resvalam no lugar comum. Na mistura pop do cantor, entram Angela Rô Rô (na densa Mares de Espanha, quando ela dizia amar demais), Márcio Greyk (Impossível Acreditar Que Perdi Você, redescoberta por Rita Ribeiro em seu primeio disco), Paulo Ricardo (e sua Louras Geladas, com direito a citação de Hit The Road Jack), Antônio Marcos (Eu Não Vou Deixar Você Tão Só), Caetano e Péricles Cavalcanti na versão de It's all over now baby blue de Bob Dylan, lançada por Gal Costa, Negro Amor. Pode parecer estranho, mas o resultado é arrebatador: amores partidos, despedaçados, mas nunca esquecidos, estão todos lá, representados com segurança pela voz de Toni que, em nenhum momento roça o brega, nem mesmo quando arrisca sua A Falta, versão do sucesso Whitout You, de Harry Nilson. Toni faz MPB sem preconceitos.

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