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Pélico amplia seus horizontes em 'Euforia'


‘Euforia’ é o terceiro álbum do cantor e compositor Pélico, produzido por Jesus Sanchez que também assinou ‘O último dia de um homem sem juízo’ (2008) e ‘Que isso fique entre nós’ (2011). A dupla produziu o disco de estreia do cantor Toni Ferreira, em 2013, que trazia ‘Olha só’ e ‘Repousar’, músicas que voltam agora na voz (pequena) de seu autor. Despretensioso e bem humorado, ‘Euforia’ vai além do pop potencialmente radiofônico de faixas como ‘Sobrenatural’ e ‘Meu amor mora no Rio’. Há samba (o ótimo ‘Você pensa que me engana’), faixa de sotaque africano (‘Sozinhar-me’), de pegada oitentista (‘Overdose’, ‘Ela me dá’ e ‘Euforia’) e momentos mais delicados/ românticos (‘Escrevo’, ‘Vaidoso’ e ‘Calado’), além da homenagem a Tom Zé (‘Ao meu amigo Zé’), um dos ídolos do compositor paulistano. Com versos bem construídos, embalados por uma sonoridade que se distancia de ruídos supostamente modernos presentes em muitos discos atuais, ‘Euforia’ se revela um álbum interessante, em que Pélico amplia seus horizontes estéticos. 

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