Alçada ao posto de musa da bossa eletrônica ao lançar o aclamado álbum
‘Tanto tempo’ (2000), Bebel Gilberto chega ao quinto disco de estúdio, ‘Tudo’
(Sony Music), mantendo a aura de pretensa sofisticação que caracteriza seu
trabalho. À voz de pequena extensão, apropriada para o estúdio, ela acrescenta
a sonoridade contemporânea do produtor Mario Caldato Jr. num repertório poliglota
que une composições autorais, Neil Young (‘Harvest moon’), Tom Jobim (‘Vivo
Sonhando’) e um sucesso do grupo francês Âme Strong S.A. (‘Tout Est Bleu’), entre outros. Se a cantora mostra
alguma evolução, a compositora continua irregular, como deixam transparecer as
pueris ‘Nada não’ (Bebel/ Masa Shimizu) e ‘Lonely in my heart’ (Bebel/ Joey
Altruda). As novas parcerias trazem algum frescor ao repertório, como a boa
faixa-título, assinada com Adriana Calcanhotto, e o samba ‘Novas ideias’, feito
com Seu Jorge e Gabriel Moura, que faz Bebel balançar (um pouco) além da sua new
bossa. Outro momento interessante é ‘Tom de voz’, dos baianos Quito Ribeiro e
César Mendes. A filha de João Gilberto e Miúcha volta à matriz bossa-novista em
‘Vivo Sonhando’ (Tom Jobim) em versão que nada acrescenta ao clássico. Boa
sacada é a elegante versão de ‘Harvest moon’, do compositor canadense Neil
Young. Tentando recriar a atmosfera de seu disco mais festejado, Bebel Gilberto
não avança, parecendo esquecer que, entre tantas bossas musicais surgidas desde
o (já) longínquo ano 2000, tanto tempo já passou.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
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