Ney Matogrosso finalmente
trouxe para o Rio de Janeiro seu novo e elogiado show ‘Atento aos Sinais’. O
público que lotou a casa de espetáculos Vivo Rio no sábado, dia 04 de maio de
2013, viu em cena um senhor artista que, do alto de seus 71 anos de idade, não
faz concessões e permanece na dianteira do show business nacional. Hábil na utilização dos
recursos cenográficos, Ney assina o exuberante cenário onde os (já)
corriqueiros painéis de led ganham real função estética, auxiliados pela
espetacular iluminação. Os extravagantes figurinos do estilista Ocimar
Versolato completam a aula de entretenimento do showman. Cercado por uma excelente
banda, capitaneada por Sacha Amback (teclados, direção musical), na qual se
destacam os incandescentes metais de Everson Moraes (trombone) e de Aquiles
Moraes (trompete), Ney dá voz a compositores novos, como Dani Black (‘Oração’)
e Criolo (‘Freguês da Meia-Noite’), e antigos, como Itamar Assumpção (‘Noite Torta’, ‘Isso Não Vai Ficar Assim’ e ‘Fico Louco’) e Vitor Ramil (‘A Ilusão da Casa’ e ‘Astronauta Lírico’). Admiravelmente atual, o
roteiro traz ‘Rua da passagem (trânsito)', música de Arnaldo Antunes e Lenine,
cuja função didática se faz urgente em tempos de acidentes e atropelamentos no
trânsito das metrópoles brasileiras. Também merece destaque a belíssima
reinvenção de ‘Roendo as Unhas’, samba de Paulinho da Viola, alocado na impactante
e azeitada sequência inicial do show. Sem espaço para obviedades, o espetáculo
permanece exuberante até o bis, no qual as delicadas ‘Amor’ (João Ricardo/ João
Apolinário), do repertório do ‘Secos & Molhados’, e ‘Astronauta Lírico’
encantam a já totalmente embevecida plateia. Quem disse que o público só quer
ouvir antigos sucessos? Nem mesmo ‘Poema’ (Cazuza/ Frejat), incluída por estar
na trilha sonora de novela da Rede Globo, soa deslocada. Na contramão do processo
fonográfico, Ney testa as novas canções para depois registra-las. ‘Atento aos Sinais’ tem tudo para se transformar em um excelente CD de estúdio, no qual a
qualidade das interpretações será (ainda) mais destacada. Patrocinado pelo
projeto Natura Musical, o show atesta a genialidade de Ney Matogrosso, artista
cujos olhos de farol sinalizam possíveis e interessantes caminhos para a música
brasileira.
“Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ...
Comentários