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Seu Jorge volta a animar a festa

Seu Jorge repõe a carreira nos trilhos da popularidade com ‘Música para churrasco, vol. 1’ (Universal Music), primeiro título da trilogia de discos inspirados no cotidiano de personagens dos subúrbios cariocas que o cantor e compositor pretende lançar. Para animar a festa, ou melhor, o churrasco, ele reuniu os camaradas Gabriel Moura, Pretinho da Serrinha e Rogê, com quem assina a maioria das faixas. A cozinha percussiva fica a cargo do ‘Conjuntão Pesadão’, banda que o acompanha. O naipe de metais gravados em Los Angeles, arregimentados por Mario Caldato Jr., arranjos de cordas de Atwood-Ferguson e de sopros de Joey Altruda completam o ótimo cardápio musical.
Escolhida para divulgar o álbum, ‘A doida’ (Seu Jorge, Pretinho da Serrinha/ Leandro Fab) não nega o parentesco com a ‘Burguesinha’, sucesso nacional do CD ‘América Brasil’ (2008). Seu suingue irresistível tomou de assalto todas as emissoras de rádio cariocas onde permanece em primeiro lugar em execução desde o lançamento – feito raro atualmente.
À vontade com sua mistura envolvente de samba tradicional, samba-rock e soul, Seu Jorge mira certeiro no sucesso em outras faixas como as divertidas ‘Vizinha’ (Seu Jorge/ Gabriel Moura/ Pretinho da Serrinha/ Rogê) e ‘Amiga da minha mulher’ (Seu Jorge/ Gabriel Moura/ Pretinho da Serrinha/ Rogê).
Após o controvertido CD 'Almaz’ (2010), projeto tocado em conjunto com os músicos da banda Nação Zumbi, Seu Jorge convida o público para um churrasco regado ao balanço de ‘Dia de comemorar’ (Seu Jorge, Gabriel Moura/ Pretinho da Serrinha/ Rogê) e ao batuque-samba-funk de ‘Olê, olê’ (Seu Jorge/ Gabriel Moura/ Pretinho da Serrinha/ Rogê). “Vou vai gostar do clima, você vai querer dançar”, avisa.
A festa termina no ritmo sensual de ‘‘Quem não quer sou eu’ (Seu Jorge/ Gabriel Moura/ Adriano Trindade), onde o baixo de Sidão Santos, as cordas de Miguel Atwood, a harpa e os sintetizadores de Money Mark dão pistas de um promissor volume 2.
Desde que saiu do grupo ‘Farofa carioca’, Seu Jorge viu seu prestígio e popularidade alçarem voos inimagináveis para um garoto nascido em Belford Roxo que sonhava em ser trocador de ônibus. Reconhecido internacionalmente, ele tem a manha de não se distanciar tanto da música popular a ponto de perdê-la de vista. Ao narrar histórias suburbanas com suingue e voz marcantes, Seu Jorge coloca todos para dançar. Da laje à cobertura, sem distinção.

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