Pular para o conteúdo principal

Dinastia da Percussão



A família Marçal faz parte história da Música Popular Brasileira. Armando Vieira Marçal formou, com outro ilustre sambista, Alcebíades Maia Barcelos, a dupla Bide e Marçal responsável por pérolas como Agora é Cinza e A Primeira Vez. A segunda geração da família foi muitíssimo bem representada por Mestre Marçal, grande nome da Portela, onde foi diretor de bateria por mais de 20 anos. Percussionista de primeira e excelente cantor de sambas, gravou oito discos. A dinastia vai adiante com Armando de Souza Marçal, ou Marçalzinho, outro que herdou o talento de percussionista, que já tocou com grandes nomes como Caetano, Gal e James Taylor, entre outros. Marçazinho, junto com Moacyr Luz (foto de Andrea Capella), rende homenagem à família no disco Sem Compromisso, lançado esta semana pela gravadora Deckdisc. O repertório, baseado nas composições de Bide e Marçal (Barão das Cabrochas e Não Diga a Minha Residência, além das citadas) nas gravações de Mestre Marçal (como a faixa-título, de Geraldo Pereira e Nelson Trigueira e Leviana, de Zé Keti), e nas composições do próprio Moacyr em parceria com Aldir Blanc (Rainha Negra - homenagem à Clementina de Jesus - e Mandingueiro), Hermínio Bello de Carvalho (Quem Mandou?), Martinho da Vila (Zuela de Oxum) e Sereno (Que Batuque é Esse?). A voz e o violão de Moacyr Luz, a cozinha percussiva de Marçalzinho e o belo repertório fazem de Sem Compromisso um grande disco de samba.

Comentários

Anônimo disse…
Apesar de admirar Moacyr Luz pelo seu envolvimento com o samba e a cena cultural da cidade, não acho que ele seja um bom cantor.
Anônimo disse…
Rock, pagode, funk, lenta, clássica, brega, sertaneja, forró, mpb.... A lista é grande e tem estilos para todos os gostos. Quando alguém diz que acha legal determinado tipo de música sempre vai haver outra pessoa para lhe dizer que tem mau gosto.
Por isso meu amigo Julio, prepare-se! Isso aqui vai pegar fogo!
Adorei sua iniciativa em montar esse blog.
Estarei sempre presente por aqui.
Bjs!

Postagens mais visitadas deste blog

A voz do samba - O primeiro disco de Alcione

  “Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ‘1...

50 anos de Claridade

Clara Nunes (1942 – 1983) viu sua carreira deslanchar na década de 1970, quando trocou os boleros e um romantismo acentuado pela cadência bonita do samba, uma mudança idealizada pelo radialista e produtor musical Adelzon Alves. Depois do sucesso do LP ‘Alvorecer’, de 1974, impulsionado pelas faixas ‘Menino deus’ (Mauro Duarte/ Paulo César Pinheiro), ‘Alvorecer’ (Délcio Carvalho/ Ivone Lara) e ‘Conto de areia’ (Romildo/ Toninho Nascimento), a cantora mineira reafirmou sua consagração popular com o álbum ‘Claridade’. Lançado em 1975, este disco vendeu 600 mil cópias, um feito excepcional para um disco de samba, para uma cantora e, sobretudo, para um disco de samba de uma cantora. Traço marcante na trajetória artística e na vida de Clara Nunes, o sincretismo religioso está presente nas faixas ‘O mar serenou’ (Candeia) e ‘A deusa dos orixás’, do pernambucano Romildo e do paraense Toninho Nascimento, os mesmos autores de ‘Conto de areia’. Eles frequentavam o célebre programa no qual Adelzon...

Galeria do Amor 50 anos – Timóteo fora do armário (ou quase)

  Agnaldo Timóteo lançou o disco ‘Galeria do amor’ em 1975. Em pleno regime militar, o ídolo popular, conhecido por sua voz grandiloquente e seu temperamento explosivo, ousou ao compor e cantar a balada sobre “um lugar de emoções diferentes/ Onde a gente que é gente/ Se entende/ Onde pode se amar livremente”. A canção, que se tornaria um sucesso nacional, foi inspirada na famosa Galeria Alaska, antigo ponto de encontro dos homossexuais na Zona Sul carioca – o que passaria despercebido por boa parte de seu público conservador. O mineiro de Caratinga já havia suscitado a temática gay no disco ‘Obrigado, querida’, de 1967. A romântica ‘Meu grito’, feita por Roberto Carlos para a sua futura mulher, Nice, ganhou outras conotações na voz poderosa de Timóteo. “Ai que vontade de gritar seu nome, bem alto no infinito (...), só falo bem baixinho e não conto pra ninguém/ pra ninguém saber seu nome, eu grito só ‘meu bem'”, canta Agnaldo, que nunca assumiria sua suposta homossexualidade. ...