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Clássico de Milton Nascimento, 'Minas' faz 50 anos

 



          Em 1975, Milton Nascimento lançou seu sétimo disco, ‘Minas’, cujo título une as primeiras sílabas de seu nome e sobrenome, e remete a Minas Gerais, casa e fonte de inspiração do cantor e compositor carioca. A expressiva capa reforça a afro-brasilidade do artista e é assinada por Cafi, fotógrafo, Noguchi, diretor de arte, e Ronaldo Bastos, produtor do álbum. Com arranjos de Wagner Tiso e supervisão musical de Milton e Bastos, ‘Minas’ traz instrumentistas excepcionais, como Novelli, Paulinho Braga, Nivaldo Ornelas e Toninho Horta, além das participações de Beto Guedes, Nana Caymmi, Joyce, Fafá de Belém, MPB-4 e Golden Boys.

Conduzido pela límpida voz do cantor, o ouvinte viaja por um universo musical que conjuga coros infantis, guitarras agitadas, silêncios inesperados e uma extraordinária e atemporal sonoridade. As ricas experiências sonoras sublinham a dimensão política da obra em faixas como ‘Fé cega, faca amolada’ (Milton/ Ronaldo Bastos), ‘Saudades dos aviões da Panair (Conversando no bar) (Milton/ Fernando Brant) e ‘Gran circo’ (Milton Nascimento/ Márcio Borges). Tristíssima (e nem por isso, menos bela) ‘Ponta de areia’ (Milton/ Fernando Brant) foi lançada por Elis Regina juntamente com ‘Saudades dos aviões da Panair’ no ano anterior. Primeira parceria com Caetano Veloso, ‘Paula e Bebeto’ também aparece como música incidental ao longo do disco e se tornaria um ícone da liberdade sexual na voz de Gal Costa a partir de 1978. Considerado uma das obras-primas de Milton Nascimento, ‘Minas’ faz 50 anos.

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