Pular para o conteúdo principal

Diogo Poças faz boa música brasileira em 'Imune'

Segundo CD do cantor e compositor Diogo Poças, ‘Imune’ (Favelinha Redords/ A musicoteca) apresenta ambiência cool, que combina perfeitamente com a voz miúda do moço paulistano. A delicada sonoridade álbum produzido por Leonardo Mendes é elegante, com seu samba cheio de bossa, como ‘Senhora rainha’ (Diogo Poças/ Edgard Poças), distante dos fundos dos quintais cariocas. Basicamente autoral, o coerente repertório (de apenas nove canções) contribui para que ‘Imune’ soe agradável à primeira audição.
Filho do maestro Edgard Poças e irmão da cantora e compositora Céu, Diogo divide as boas ‘Feitiço da Vila Madalena’ (Diogo Poças/ Edgard Poças) e ‘Imune’ (Diogo Poças/ Jesses Santos/ Marcos Tanaka) com o pai e a irmã, respectivamente. O suave clima familiar se completa com ‘Nina’ (Edgard Poças), acalanto dedicado à filha.
Única regravação, ‘O perdão’ (Roberto Mendes/ J. Velloso, 1994) se revela excelente abre-alas do CD, cujo nível se mantém elevado em faixas como ‘Mais um lamento’ (Céu/ Danilo Moraes), ‘Dizem por aí’ (Diogo Poças/ Sergio Carvalho) e ‘Folia’ (Luísa Maita/ Daniel Taubkin), esta com a participação de Luísa Maita. A economia sonora impressa em ‘Pra ser amor’ (Diogo Poças/ Yaniel Matos), faixa em que Poças é acompanhado pelos músicos Jota Erre (percussão), Thiago Alves (baixo acústico) e Yaniel Matos (cello), é acertada. Isento de arroubos modernosos, Diogo Poças faz boa e perene música brasileira, daquela que já foi chamada de popular. ‘Imune’ está disponível para download gratuito no site do artista (http://diogopocas.com.br).

Comentários

FELÍCIO TORRES disse…
Gostei do CD "Imune". Bom disco!
Diogo Poças tem leveza no cantar. Canções com melodias e letras sutis e bem elaboradas.
Participações muito bem vindas das cantoras Céu e Luísa Maita. um sopro feminino às composições.
Edgard Poças me lembrando o cantar de Luiz Melodia no delicioso samba "Feitiço da Vila Madalena"...
Um trabalho muito agradável, que os nossos ouvidos agradecem.
Abraços.

Postagens mais visitadas deste blog

A voz do samba - O primeiro disco de Alcione

  “Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ‘1...

Galeria do Amor 50 anos – Timóteo fora do armário (ou quase)

  Agnaldo Timóteo lançou o disco ‘Galeria do amor’ em 1975. Em pleno regime militar, o ídolo popular, conhecido por sua voz grandiloquente e seu temperamento explosivo, ousou ao compor e cantar a balada sobre “um lugar de emoções diferentes/ Onde a gente que é gente/ Se entende/ Onde pode se amar livremente”. A canção, que se tornaria um sucesso nacional, foi inspirada na famosa Galeria Alaska, antigo ponto de encontro dos homossexuais na Zona Sul carioca – o que passaria despercebido por boa parte de seu público conservador. O mineiro de Caratinga já havia suscitado a temática gay no disco ‘Obrigado, querida’, de 1967. A romântica ‘Meu grito’, feita por Roberto Carlos para a sua futura mulher, Nice, ganhou outras conotações na voz poderosa de Timóteo. “Ai que vontade de gritar seu nome, bem alto no infinito (...), só falo bem baixinho e não conto pra ninguém/ pra ninguém saber seu nome, eu grito só ‘meu bem'”, canta Agnaldo, que nunca assumiria sua suposta homossexualidade. ...

50 anos de Claridade

Clara Nunes (1942 – 1983) viu sua carreira deslanchar na década de 1970, quando trocou os boleros e um romantismo acentuado pela cadência bonita do samba, uma mudança idealizada pelo radialista e produtor musical Adelzon Alves. Depois do sucesso do LP ‘Alvorecer’, de 1974, impulsionado pelas faixas ‘Menino deus’ (Mauro Duarte/ Paulo César Pinheiro), ‘Alvorecer’ (Délcio Carvalho/ Ivone Lara) e ‘Conto de areia’ (Romildo/ Toninho Nascimento), a cantora mineira reafirmou sua consagração popular com o álbum ‘Claridade’. Lançado em 1975, este disco vendeu 600 mil cópias, um feito excepcional para um disco de samba, para uma cantora e, sobretudo, para um disco de samba de uma cantora. Traço marcante na trajetória artística e na vida de Clara Nunes, o sincretismo religioso está presente nas faixas ‘O mar serenou’ (Candeia) e ‘A deusa dos orixás’, do pernambucano Romildo e do paraense Toninho Nascimento, os mesmos autores de ‘Conto de areia’. Eles frequentavam o célebre programa no qual Adelzon...