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Márcio Lugó imprime as inquietações da vida urbana no CD 'Liberdade aparente'

‘Liberdade aparente’ é segundo disco do jovem cantor e compositor paulistano Márcio Lugó. Produzido por Lugó e Rafa Moraes, o álbum dá prosseguimento às reflexões propostas em ‘Desacelera’, disco de estreia de Márcio, de 2010. Lançado de forma independente ‘Liberdade aparente’ mistura sons eletrônicos (programações, moog, efeitos) e acústicos (violão, acordeom, flauta) para falar sobre as inquietações da vida urbana em músicas como a faixa-título (“Cada vez mais dispositivos/ofuscando o nosso alvor”) e ‘Trégua’ (Márcio Lugó/Helena Margarida), que termina citando ‘Quadro negro’, contundente retrato das mazelas da cidade grande, de autoria de Lenine e Carlos Rennó: “O que prometeu não cumpriu/o fogo apagou a luz extinguiu”. Outro momento relevante é ‘Promessas’ (Márcio Lugó), suingada faixa aquecida pelos metais (trompete/trombone) de Natan Oliveira. É evidente o cuidado com os arranjos que imprimem inegável contemporaneidade ao álbum, que pode ser ouvido no site do artista (clique aqui).

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