Pular para o conteúdo principal

Mariene de Castro canta e samba pra valer



Após o consagrador show de lançamento do CD ‘Tabaroinha’, realizado em março de 2012, Mariene de Castro voltou a pisar no palco do Teatro Rival (RJ) na noite de sexta-feira, 14 de setembro (com outro show hoje, sábado), “pra cantar, pra sambar pra valer”. Único momento em que a baiana baixou os tons altos que permearam sua apresentação, a clássica ‘Eu vim da Bahia’ (Gilberto Gil) foi bela novidade do roteiro. Surpresa da primeira noite do show, o sambista Zeca Pagodinho encarou problemas técnicos no som de seu microfone e a potência vocal de Mariene durante o sucesso ‘Ogum’ (Claudemir/ Marquinhos PQD). Não é fácil acompanhar a vibrante artista.
‘Guerreira’ (João Nogueira/ Paulo César Pinheiro) foi cantada após Mariene anunciar a gravação do seu segundo DVD, dedicado à obra de Clara Nunes. O magnetismo e a autenticidade da cantora abalizam o projeto, embora as mesmas qualidades também reafirmem a beleza de seu canto, que não precisa de filtros e facilitadores para chegar ao grande público. As gravações devem acontecer já em outubro. Mais um motivo para assistir à baiana brejeira desfiar o belo repertório de ‘Tabaroinha’, que deve ser abandonado antecipadamente. Espera-se que, apesar do oportunismo comercial, o repertório do DVD fuja das obviedades. Desde a prematura morte de Clara Nunes, a indústria fonográfica procura por uma nova sambista. Mariene de Castro tem talento para sê-la, sem precisar “incorporar” a mineira guerreira. 

Comentários

Élida disse…
Realmente fiquei surpresa, particularmente não sabia que ela cantava tanto e tão bem. Como sempre, seu comentário expressa a realidade do que vi no sábado no Teatro Rival. Isso foi bom que dói...

Postagens mais visitadas deste blog

A voz do samba - O primeiro disco de Alcione

  “Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ‘1...

Galeria do Amor 50 anos – Timóteo fora do armário (ou quase)

  Agnaldo Timóteo lançou o disco ‘Galeria do amor’ em 1975. Em pleno regime militar, o ídolo popular, conhecido por sua voz grandiloquente e seu temperamento explosivo, ousou ao compor e cantar a balada sobre “um lugar de emoções diferentes/ Onde a gente que é gente/ Se entende/ Onde pode se amar livremente”. A canção, que se tornaria um sucesso nacional, foi inspirada na famosa Galeria Alaska, antigo ponto de encontro dos homossexuais na Zona Sul carioca – o que passaria despercebido por boa parte de seu público conservador. O mineiro de Caratinga já havia suscitado a temática gay no disco ‘Obrigado, querida’, de 1967. A romântica ‘Meu grito’, feita por Roberto Carlos para a sua futura mulher, Nice, ganhou outras conotações na voz poderosa de Timóteo. “Ai que vontade de gritar seu nome, bem alto no infinito (...), só falo bem baixinho e não conto pra ninguém/ pra ninguém saber seu nome, eu grito só ‘meu bem'”, canta Agnaldo, que nunca assumiria sua suposta homossexualidade. ...

'Talismã': Bethânia entre o existencial e o popular - Há 45 anos

          Lançado em 1980, ‘Talismã’ manteve a popularidade e o êxito comercial conquistados por Maria Bethânia com seus álbuns ‘Álibi’ (1978) e ‘Mel’ (1979). Menos sensual e mais existencialista, o disco reúne composições inéditas que se tornaram sucessos, além de regravações de canções dos anos 1950. A tristonha ‘Mentira de amor’ (Lourival Faissal/ Gustavo de Carvalho) e o bolero ‘Eu tenho um pecado novo’ (Alberto Martinez/ Mariano Moares/ versão: Lourival Faissal) foram pinçadas do repertório de Dalva de Oliveira. O samba-canção ‘Cansei de ilusões’ é um clássico de Tito Madi. O mano Caetano comparece com quatro músicas novas: o marcante bolero ‘Vida real’; a delicada ‘Pele’, feita originalmente para Roberto Carlos; o místico samba ‘Gema’ e a impetuosa faixa-título ‘Talismã’, parceria com Waly Salomão. Feliz composição de Dona Ivone Lara, o samba ‘Alguém me avisou’ reúne Bethânia, Caetano e Gilberto Gil e se tornou um dos hits do disco. Gil é o autor de ‘...