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O samba de Moacyr


O compositor Moacyr Luz se cercou de ilustres convidados para dividir com ele a maioria das 12 faixas inéditas que compõem seu novo CD, ‘Batucando’. “Não queria nomear, mas queria que soubessem que este disco era pelos meus 50 anos (feitos em abril de 2008)”, diz Moacyr que faz show de lançamento hoje e amanhã, no Teatro Rival, às 19h30.
O sambista não foi modesto e reuniu um time de peso: Alcione, Beth Carvalho, Ivan Lins, Luiz Melodia, Martinho da Vila, Mart'nália, Tantinho da Mangueira, Wilson das Neves e Zeca Pagodinho. “Eu me preparei muito para fazer este disco, fiz com a ousadia de que as músicas fossem eternas, que pudessem entrar no cancioneiro, que a rádio tocasse. As participações deixaram mais fortes estas possibilidades”, acredita.
No show, ele mostra parcerias com Aldir Blanc (‘Samba Pro Geraldo’ e ‘Clareou’), Hermínio Bello de Carvalho (‘Daquela Mulher’, ‘Banguelas’ e ‘Meu Nego’) e Sereno (‘Vida da Minha Vida’, ‘A Natureza Chora’ e ‘Beleza em Diamante’), entre outros. “É o meu samba, minha cadência é diferente. Infelizmente não tenho esse passado de samba. Mas tem pandeiros, cavaquinho, está tudo ali”.
A faixa que encerra o CD, ‘Delírios da Baixa Gastronomia’, lista alguns dos botequins preferidos (Adonis, Bar Luiz, Belmonte, Lamas e Pirajá) do boêmio que trocou a cerveja por água desde que foi assombrado por taxas elevadíssimas em exames feitos no ano passado. “Estou sem beber feito gente grande desde o dia 30 de agosto. Ia ao Bar do Adão e bebia 30 chopes. Perdi 20kg, o que me estimulou a manter a dieta”.
O mangueirense (com carteira de compositor da Vila Isabel) é conhecido da nova geração pelas concorridas rodas de samba — Samba do Trabalhador (segundas, no Clube Renascença) e Samba, Luzia!, chamado pelos iniciados de ‘samba da laje’ (sextas, no Clube Santa Luzia). “O Samba do Trabalhador foi um presente para o Rio, chamou atenção para uma coisa boa. Dia 19, foram mil pessoas, não acreditei”, conta.

HOMENAGEM EM BLOCO

No show Moacyr apresenta as 12 faixas, além de sucessos de sua carreira. “Preferi pensar que seria muito ousado levar o disco para o show, é quase impossível ter os nove convidados. Então, as pessoas assistem ao show, compram o disco e levam os convidados para casa”, diz o sambista, homenageado pelo bloco do tradicional teatro da Cinelândia — o Rival Sem Rival sai dia 20, com concentração às 17h.

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