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Zabelê reúne músicos expressivos em seu disco solo

O primeiro disco solo de Zabelê, filha de Baby do Brasil e Pepeu Gomes, que chegou a integrar o trio SNZ, formado com as irmãs Sarah e Nâna, reúne alguns dos nomes mais requisitados da atual cena musical brasileira de ponta. Domenico Lancelloti (bateria/ percussão) assina a produção, a arte gráfica e cinco das dez faixas inéditas do álbum mixado por Moreno Veloso (voz na faixa ‘Cara de cão’). Também participam de ‘Zabelê’ (Independente/ Pommelo Distribuições) Kassin (violões/ lap steel/ baixo), Pedro Sá (guitarra), Alberto Continentino (baixo), Ricardo Dias Gomes (teclados), Berna Ceppas (sintetizadores) e Rubinho Jacobina (violão/ teclados), entre outros músicos. O resultado dessa reunião estelar é um disco agradável, onde a sonoridade bacana atua (quase sempre) a favor da cantora. As faixas mais ritmadas, nas quais se destaca o irresistível suingue da guitarra de Pedro Sá, são as melhores. Neste caso encontram-se ‘Prática’ (André Carvalho) e ‘Atenção’ (Marcelo Callado/ Quito Ribeiro), músicas que ecoam o som dos Novos Baianos e do trabalho solo de Baby e de Pepeu. O clima setentista também está presente em ‘Céu’ (Zabelê/ Pedro Sá/ Domenico Lancelloti) e em ‘Na paz’ (Luísa Maita), faixa mais zen do CD. Escolhida para divulgar o disco, ‘Nossas noites’ é um dos acertos do compositor Domenico (c/ Alberto Continentino), assim como ‘Cara de cão’ (c/ Gustavo Benjão), um neobaião que irmana os frágeis timbres de Zabelê e Moreno Veloso. As delicadas ‘Enquanto desaba o mundo’ (Kassin), ‘Colado’ (Alberto Continentino/ Domenico Lancelloti) e ‘Livre’ (Domenico Lancelloti) expõem os parcos recursos vocais da cantora – o que não chega a ser grave, haja vista a quantidade de colegas de profissão de Zabelê, que se escoram nos Auto Tunes da vida para seguirem cantando. Última faixa, a bossa ‘Sabadá’ (Rubinho Jacobina) remete ao som do mestre João Donato e deixa a impressão de ser uma interessante via para a musicalidade de Zabelê. Esperemos o próximo disco.  

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