Pular para o conteúdo principal

Chitãozinho & Xororó renovam seu som em 'Do tamanho do nosso amor'


Chega às lojas neste mês de dezembro o CD e DVD ‘Do tamanho do nosso amor - ao vivo’, de Chitãozinho & Xororó. Gravado no dia 22 de agosto de 2012, no Wood’s Bar, em São Paulo (SP), o registro audiovisual lançado pela gravadora Universal Music atualiza a sonoridade da já veterana dupla. Na estrada há mais de quarenta anos, os irmãos paranaenses ajudaram a formatar a música sertaneja que se tornou sucesso nos anos 1980 e 1990, quando aproximaram a música caipira tradicional do pop extremamente romântico e radiofônico, num movimento semelhante ao feito pelos pagodeiros.
A pretendida roupagem contemporânea é obtida graças à eficiência do diretor e produtor musical Fernando Zor, que também assina a maioria dos arranjos com o músico Gabriel Júnior. Ele ainda participa do registro audivisual ao lado do parceiro Sorocaba, autor da faixa-título, com quem forma um das duplas mais conhecidas na nova cena sertaneja: Fernando & Sorocaba. Guitarras cheias de energia garantem a renovação do sucesso ‘Evidências’ (José Augusto/Paulo Sérgio Valle, 1992) e da menos conhecida ‘Pode ser pra valer’ (Maracai/Joel Marques, 1993). Parecendo verdadeiramente motivados, Chitãozinho & Xororó também recriam ‘Página de amigos’ (Rick/Alexandre, 1995), ‘Eu menti’ (Rick/Alexandre, 1998), além de ‘Página virada’ (José Augusto/Paulo Sérgio Valle) e ‘Somos assim’ (Paulo Debétio/Paulinho Rezende), faixas do disco ‘Os meninos do Brasil’, de 1989. “Nosso desejo é renovar mesmo. O som que a gente ouve na rádio é muito diferente”, explica Chitãozinho em um dos depoimentos inseridos na ágil edição final.
A dupla visita repertórios alheios em ‘Tente outra vez’ (Raul Seixas/Paulo Coelho/Marcelo Motta) e em ‘Um amor puro’ (Djavan), saindo-se melhor na primeira, principalmente porque a emocionante versão original da segunda, feita por Djavan, é praticamente imbatível. Entre as inéditas, ‘Eu não sou nada sem você’ chama a atenção por sua autoria. Lenine e Dudu Falcão assinam a boa faixa que mantém o clima romântico típico das demais canções.
Nomes importantes na conquista do território nacional pela música sertaneja, sucessores de Tonico e Tinoco, Milionário e Zé Rico e Pena Branca e Xavantinho, entre outros, Chitãozinho & Xororó se aproximam do som produzido pelos sertanejos atuais com dignidade e soam verdadeiros, sem ostentação.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A voz do samba - O primeiro disco de Alcione

  “Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ‘1...

Joias musicais de Gilberto Gil são reeditadas

               A Universal Music reabre seu baú de preciosidades. Desta vez, a dona do maior acervo musical do país, traz duas joias do cantor, compositor e violonista Gilberto Passos Gil Moreira, recentemente eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras. De 1971, o disco londrino, ‘Gilberto Gil’, reaparece em nova edição em vinil, enquanto ‘Refestança’, registro do histórico encontro de Gil e Rita Lee, de 1977, finalmente ganha versão digital.             Gravado durante o exílio do artista baiano em Londres, o quarto LP de estúdio de Gilberto Gil foi produzido por Ralph Mace para o selo Famous e editado no Brasil pela Philips, atual Universal Music. O produtor inglês também trabalhava com Caetano Veloso, que havia lançado seu primeiro disco de exílio no mesmo ano. Contrastando com a melancolia expressada por Caetano, Gil fez um álbum mais equilibrado, dosando as saudades do Brasil...

Galeria do Amor 50 anos – Timóteo fora do armário (ou quase)

  Agnaldo Timóteo lançou o disco ‘Galeria do amor’ em 1975. Em pleno regime militar, o ídolo popular, conhecido por sua voz grandiloquente e seu temperamento explosivo, ousou ao compor e cantar a balada sobre “um lugar de emoções diferentes/ Onde a gente que é gente/ Se entende/ Onde pode se amar livremente”. A canção, que se tornaria um sucesso nacional, foi inspirada na famosa Galeria Alaska, antigo ponto de encontro dos homossexuais na Zona Sul carioca – o que passaria despercebido por boa parte de seu público conservador. O mineiro de Caratinga já havia suscitado a temática gay no disco ‘Obrigado, querida’, de 1967. A romântica ‘Meu grito’, feita por Roberto Carlos para a sua futura mulher, Nice, ganhou outras conotações na voz poderosa de Timóteo. “Ai que vontade de gritar seu nome, bem alto no infinito (...), só falo bem baixinho e não conto pra ninguém/ pra ninguém saber seu nome, eu grito só ‘meu bem'”, canta Agnaldo, que nunca assumiria sua suposta homossexualidade. ...