Pular para o conteúdo principal

'Recanto ao vivo' eterniza grandes momentos de Gal Costa



Tudo é singular no DVD ‘Recanto ao vivo’ lançado pela gravadora Universal Music neste mês. As diretoras Dora Jobim e Gabriela Gastal conseguiram afastar o registro audiovisual do aclamado show ‘Recanto’, de Gal Costa, da trivialidade que pontua a maioria dos DVDs despejados semanalmente no mercado. Preservando a estética do espetáculo dirigido por Caetano Veloso e Moreno Veloso, a filmagem se transforma em documento histórico da Música Popular Brasileira, digno da grandeza de Gal.
Gravado no Theatro Net Rio em outubro de 2012 – o antigo Teatro Tereza Raquel, local do mítico ‘Fa-tal, Gal a todo vapor’ (1971)’ –, ‘Recanto ao vivo’ capta o momento especial vivido pela cantora. Nos belíssimos closes, as marcas do tempo na fronte da artista; no áudio, os graves e agudos perfeitos, excepcionalmente registrados por Moreno Veloso. Em todos os instantes, a interpretação definitiva de Gal, que vem seduzindo antigos e novíssimos fãs, em noites memoráveis como a do Circo Voador, em fevereiro de 2013, quando sua apresentação provocou uma verdadeira euforia.
Acompanhada por Domenico Lancellotti (bateria e MPC), Pedro Baby (guitarras e violão) e Bruno Di Lullo (baixo), Gal reinventa clássicos como ‘Divino maravilhoso’ e ‘Vapor barato’ e dá ainda mais vigor às recentes ‘Segunda’ e ‘Cara do mundo’. Números como ‘Recanto escuro’ e ‘Mansidão’ atingem uma carga emocional impactante. Tudo registrado com a qualidade que torna o DVD verdadeiro objeto de culto para os fãs e dever de casa para cantoras das mais diferentes gerações. É um gozo ver Gal Costa tão cara a cara assim.

Comentários

Jeocaz Lee-Meddi disse…
Gal Costa consegue essa proeza de fazer diferente uma mesma canção cantada várias vezes. Ela reinventa "Vapor Barato", dando uma sonoridade pungente, que arrepia o mais frio espectador!
Tem razão Julio, "é um gozo ver Gal Costa tão cara a cara assim".

Postagens mais visitadas deste blog

A voz do samba - O primeiro disco de Alcione

  “Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ‘1...

50 anos de Claridade

Clara Nunes (1942 – 1983) viu sua carreira deslanchar na década de 1970, quando trocou os boleros e um romantismo acentuado pela cadência bonita do samba, uma mudança idealizada pelo radialista e produtor musical Adelzon Alves. Depois do sucesso do LP ‘Alvorecer’, de 1974, impulsionado pelas faixas ‘Menino deus’ (Mauro Duarte/ Paulo César Pinheiro), ‘Alvorecer’ (Délcio Carvalho/ Ivone Lara) e ‘Conto de areia’ (Romildo/ Toninho Nascimento), a cantora mineira reafirmou sua consagração popular com o álbum ‘Claridade’. Lançado em 1975, este disco vendeu 600 mil cópias, um feito excepcional para um disco de samba, para uma cantora e, sobretudo, para um disco de samba de uma cantora. Traço marcante na trajetória artística e na vida de Clara Nunes, o sincretismo religioso está presente nas faixas ‘O mar serenou’ (Candeia) e ‘A deusa dos orixás’, do pernambucano Romildo e do paraense Toninho Nascimento, os mesmos autores de ‘Conto de areia’. Eles frequentavam o célebre programa no qual Adelzon...

Galeria do Amor 50 anos – Timóteo fora do armário (ou quase)

  Agnaldo Timóteo lançou o disco ‘Galeria do amor’ em 1975. Em pleno regime militar, o ídolo popular, conhecido por sua voz grandiloquente e seu temperamento explosivo, ousou ao compor e cantar a balada sobre “um lugar de emoções diferentes/ Onde a gente que é gente/ Se entende/ Onde pode se amar livremente”. A canção, que se tornaria um sucesso nacional, foi inspirada na famosa Galeria Alaska, antigo ponto de encontro dos homossexuais na Zona Sul carioca – o que passaria despercebido por boa parte de seu público conservador. O mineiro de Caratinga já havia suscitado a temática gay no disco ‘Obrigado, querida’, de 1967. A romântica ‘Meu grito’, feita por Roberto Carlos para a sua futura mulher, Nice, ganhou outras conotações na voz poderosa de Timóteo. “Ai que vontade de gritar seu nome, bem alto no infinito (...), só falo bem baixinho e não conto pra ninguém/ pra ninguém saber seu nome, eu grito só ‘meu bem'”, canta Agnaldo, que nunca assumiria sua suposta homossexualidade. ...