Pular para o conteúdo principal

Estilo rock and roll*


Após o fim da dupla formada com a irmã, Sandy, Junior Lima lançou, ontem, o primeiro CD de sua nova banda, Nove Mil Anjos. “Tinha dentro de mim a vontade de fazer rock’n’roll.Desde que nos separamos sabia que o gênero seria esse, tá ligado?”, diz Junior ostentando vistosas tatuagens, cabelo moicano e gírias adquiridas com os novos companheiros de trabalho.
Formada por ele na bateria, Champignon (ex-Charlie Brown Jr) no baixo, Peu (ex-Pitty) na guitarra e Perí nos vocais, Nove Mil Anjos já nasceu com status de supergrupo, fazendo sua estréia durante o Video Music Brasil, premiação da MTV, em outubro.
Produzido pelo argentino Sebastian Krys — ganhador de 11 Grammys — o CD foi gravado em Los Angeles, onde os rapazes ficaram 40 dias. “Sempre tive a mania de sonhar alto, assim fiz minhas conquistas. A banda é simplesmente a conseqüência das minhas vontades”, diz o filho de Xororó, com naturalidade.“É uma coisa normal, ele vem do pop extremo, transcendeu até mesmo o pai e o tio, a gente sabia que seria desse jeito”, conforma-se Champignon. O ex-parceiro de Chorão é só elogios ao novo colega de banda. “O moleque já começou tocando para c*, com muita vontade, fiquei emocionado”.
Descolado, Junior não se importa com as expectativas criadas em torno de sua banda, depois dos 17 milhões de discos vendidos junto com a irmã. “Sou muito pé no chão, sei o que represento. Pensei nessa ‘parada’ logo no começo e sei que rola um período para a aceitação do público, tá ligado?”, explica, com a gíria recorrente.
Para ficar ‘ligado’ na reação dos fãs, Junior aproveita a falta de sono. “Varo madrugadas na Internet. Tudo é mais rápido, o celular não toca. Durmo lá pelas cinco da manhã”, entrega ele, que tem os links de sites e blogs onde sua música é discutida. Sempre como observador: “Apesar da vontade de participar, resisto bravamente. Se me envolver mudo o curso natural das coisas”, imagina.
E Junior viu que a primeira música disponibilizada na Internet, ‘Chuva Agora’, causou estranheza. “No começo o pessoal ficou assustado porque o som é diferente do que eu fazia. Mas agora, que o CD inteiro está na rede, a parada teve uma aceitação legal”. Apesar de seus passados musicais, os integrantes não estão dispostos a sessões nostálgicas, relembrando sucessos. “Sei que vão chegar e nos pedir para tocar Charlie Brown e Pitty. Mas, se você realmente quer ouvir essas bandas, que vá ao show deles”, avisa Champignon.
Nove Mil Anjos não tem contrato com uma grande gravadora — o disco foi lançado pelo selo próprio, 9MA. “Talvez desse menos trabalho se lançássemos pela Universal Music (gravadora da dupla Sandy & Jr.), mas decidimos ser independentes, era o que queríamos”, afirma Junior, convicto da longevidade dos Anjos. “Queremos tocar juntos por muito tempo”.

Publicado no jornal O Dia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A voz do samba - O primeiro disco de Alcione

  “Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ‘1...

Galeria do Amor 50 anos – Timóteo fora do armário (ou quase)

  Agnaldo Timóteo lançou o disco ‘Galeria do amor’ em 1975. Em pleno regime militar, o ídolo popular, conhecido por sua voz grandiloquente e seu temperamento explosivo, ousou ao compor e cantar a balada sobre “um lugar de emoções diferentes/ Onde a gente que é gente/ Se entende/ Onde pode se amar livremente”. A canção, que se tornaria um sucesso nacional, foi inspirada na famosa Galeria Alaska, antigo ponto de encontro dos homossexuais na Zona Sul carioca – o que passaria despercebido por boa parte de seu público conservador. O mineiro de Caratinga já havia suscitado a temática gay no disco ‘Obrigado, querida’, de 1967. A romântica ‘Meu grito’, feita por Roberto Carlos para a sua futura mulher, Nice, ganhou outras conotações na voz poderosa de Timóteo. “Ai que vontade de gritar seu nome, bem alto no infinito (...), só falo bem baixinho e não conto pra ninguém/ pra ninguém saber seu nome, eu grito só ‘meu bem'”, canta Agnaldo, que nunca assumiria sua suposta homossexualidade. ...

Joias musicais de Gilberto Gil são reeditadas

               A Universal Music reabre seu baú de preciosidades. Desta vez, a dona do maior acervo musical do país, traz duas joias do cantor, compositor e violonista Gilberto Passos Gil Moreira, recentemente eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras. De 1971, o disco londrino, ‘Gilberto Gil’, reaparece em nova edição em vinil, enquanto ‘Refestança’, registro do histórico encontro de Gil e Rita Lee, de 1977, finalmente ganha versão digital.             Gravado durante o exílio do artista baiano em Londres, o quarto LP de estúdio de Gilberto Gil foi produzido por Ralph Mace para o selo Famous e editado no Brasil pela Philips, atual Universal Music. O produtor inglês também trabalhava com Caetano Veloso, que havia lançado seu primeiro disco de exílio no mesmo ano. Contrastando com a melancolia expressada por Caetano, Gil fez um álbum mais equilibrado, dosando as saudades do Brasil...