Pular para o conteúdo principal

Chico César mantém veemência em 'Aos vivos agora'



Em 1994 Chico César gravou seu primeiro CD, ‘Aos vivos’, no econômico formato voz-e-violão, durante três apresentações na Funarte de São Paulo (SP). Lançando um ano depois pela gravadora Velas, o disco se tornou um bem sucedido cartão de visitas do cantor e compositor paraibano. Com as participações especiais de Lenine e do mítico guitarrista Lanny Gordin, ‘Aos vivos’ apresentou ao país um artista inquieto que liquidificava referências e trazia novos sons para a música popular brasileira em músicas como ‘Mama África’ e ‘Á primeira vista’.  A partir daí, Chico viu suas composições serem disputadas por cantoras como Daniela Mercury, que voltou às paradas de sucesso com sua versão de ‘À primeira vista’, Maria Bethânia, que lançou a inédita ‘Onde estará o meu amor’, Elba Ramalho e Zizi Possi, que gravaram simultaneamente o aboio ‘Béradêro’.
Quase duas décadas depois, Chico César refaz aquele repertório em ‘Aos vivos agora’, registro audiovisual das três apresentações que aconteceram no Teatro FECAP, em setembro de 2011, lançado pela gravadora Biscoito Fino. No lugar de Lenine e Lanny, Chico convidou o jovem artista Dani Black.
Com uma única alteração na sequência original, Chico enfileira as quinze faixas de ‘Aos vivos’ com a mesma veemência vocal e estilística impressas no primeiro CD. A inclusão de ‘A força que nunca seca’ (Vanessa da Mata/ Chico César), ‘Fé cega, faca amolada’ (Milton Nascimento/ Ronaldo Bastos) e ‘Paula e Bebeto’ (Milton Nascimento/ Caetano Veloso) nos extras ressaltam a versatilidade do intérprete. Sem saudosismos, Chico relembra o momento de maior popularidade de sua carreira (até agora), que já rendeu álbuns mais bonitos e elaborados como ‘Respeitem meus cabelos, brancos’ (2002) e ‘De uns tempos pra cá’ (2005).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A voz do samba - O primeiro disco de Alcione

  “Quando eu não puder pisar mais na Avenida/ Quando as minhas pernas não puderem aguentar/ Levar meu corpo junto com meu samba/ O meu anel de bamba/ Entrego a quem mereça usar”. Ao lançar seu primeiro disco, ‘A voz do samba’, em 1975, Alcione viu os versos melancólicos de ‘Não deixe o samba morrer’ (Edson Conceição/ Aloísio Silva) ganharem o país, tornando-se o primeiro sucesso da jovem cantora. Radicada no Rio de Janeiro desde 1967, a maranhense cantava em casas noturnas que marcaram época nas noites cariocas. Nestas apresentações, seu abrangente repertório incluía diferentes gêneros da música brasileira, além de canções francesas, italianas e norte-americanas também presentes no rádio. Enquanto isso, o samba conquistava novos espaços na década de 1970. Em 1974, Clara Nunes viu sua carreira firmar-se nacionalmente com o disco ‘Alvorecer’, do sucesso de ‘Conto de areia’ (Romildo Bastos/ Toninho Nascimento). No mesmo ano, Beth Carvalho obteve seu primeiro êxito como sambista com ‘1...

Joias musicais de Gilberto Gil são reeditadas

               A Universal Music reabre seu baú de preciosidades. Desta vez, a dona do maior acervo musical do país, traz duas joias do cantor, compositor e violonista Gilberto Passos Gil Moreira, recentemente eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras. De 1971, o disco londrino, ‘Gilberto Gil’, reaparece em nova edição em vinil, enquanto ‘Refestança’, registro do histórico encontro de Gil e Rita Lee, de 1977, finalmente ganha versão digital.             Gravado durante o exílio do artista baiano em Londres, o quarto LP de estúdio de Gilberto Gil foi produzido por Ralph Mace para o selo Famous e editado no Brasil pela Philips, atual Universal Music. O produtor inglês também trabalhava com Caetano Veloso, que havia lançado seu primeiro disco de exílio no mesmo ano. Contrastando com a melancolia expressada por Caetano, Gil fez um álbum mais equilibrado, dosando as saudades do Brasil...

Galeria do Amor 50 anos – Timóteo fora do armário (ou quase)

  Agnaldo Timóteo lançou o disco ‘Galeria do amor’ em 1975. Em pleno regime militar, o ídolo popular, conhecido por sua voz grandiloquente e seu temperamento explosivo, ousou ao compor e cantar a balada sobre “um lugar de emoções diferentes/ Onde a gente que é gente/ Se entende/ Onde pode se amar livremente”. A canção, que se tornaria um sucesso nacional, foi inspirada na famosa Galeria Alaska, antigo ponto de encontro dos homossexuais na Zona Sul carioca – o que passaria despercebido por boa parte de seu público conservador. O mineiro de Caratinga já havia suscitado a temática gay no disco ‘Obrigado, querida’, de 1967. A romântica ‘Meu grito’, feita por Roberto Carlos para a sua futura mulher, Nice, ganhou outras conotações na voz poderosa de Timóteo. “Ai que vontade de gritar seu nome, bem alto no infinito (...), só falo bem baixinho e não conto pra ninguém/ pra ninguém saber seu nome, eu grito só ‘meu bem'”, canta Agnaldo, que nunca assumiria sua suposta homossexualidade. ...